Lá vou eu para Análise
Lá vou eu dormir
Hora e meia de massacre
Nada percebo, mas acabo sempre por ir.
*
Sento-me na cadeira
Olho, e lá vem o Costa a chegar
Todo gingão e com o bloco na mão
E o massacre vai começar
*
Aí está ele a andar de um lado para o outro
Não pára quieto. Parece que está numa passagem de modelos
Copio os apontamentos que estão a giz, automático,
sem pensar, pouco ou mínimo esforço faço para entendê-los.
*
No 1º semestre foi o que se viu, o 2º para lá se encaminha
Para este ano já desisti da cadeira
A minha cabeça não encaixa aquilo.
Ai meu Deus, coitadinha ...!
*
Passou meia hora e os olhos já me pesam
A minha cabeça a cair
Dou por mim de olhos fechados
Estou “podre”, quero é sair
*
Mas lá fico eu
A lutar contra este meu (possível) defeito
Adormeço em qualquer lado
É sempre assim, estou feito!
*
Porra,! Já me babei
A cabeça escorrega da mão
Assusto-me e fico baralhado
Já passou mais meia hora em vão.
*
Recta final
Desejoso de ir almoçar
Quero é ir para casa
Quero é ir descansar
*
Mas de que vou descansar
De dormir tanto!?
Nesta “cadeira” nada faço
Já a coloquei a um “canto”.
*
Lá continua o homem a falar
Palavras entram a cem e saem a duzentos
Continua a escrever e a passear
E vão ficando vazios alguns acentos
*
Tenho de ir embora
Já gastei demasiada tinta a escrever esta verdade
E não gasto mais nenhuma folha
Com apontamentos de posteridade
*
Eu não sou “baldas”!
Já não apanho é o barco!! A distância é demasiada
Porque não sei nadar
“Nadar” nesta matéria, nesta cadeira, da qual perdi a meada
*
Tic... Tac... Tic... Tac..
Meio dia e meia hora
Levanto o rabo da cadeira
Estou sem postura, tenho as “ fraldas” de fora.
*
Componho-me, visto o casaco
Do calor, tenho o rabo húmido
E das luzes, tenho o olhar opaco
Peço licença «Deixa-me passar!»
*
Ca ganda pisadela que eu acabei de dar!!
«É pá, desculpa!», e lá tropeço outra vez
«Estás desculpado.»
Estou lindo, estou!
*
E ainda vamos no início do mês!
Por fim, lá vou eu para a cantina
Canhentas horas para me despachar
É sempre aquela base
Nem com tempo livre consigo relaxar.
A arrotar a peixe
A cheirar a “bacalhau”
O dia acabou, assim como o efeito de desodorizante
E eu pergunto se terá sido assim tão mau ...!?!?
12.Mar.98
Márcio Costa