
Será a esperança uma arma poderosa?
Que ajuda a suportar pesados valores
Ou será ela uma fraqueza impiedosa?
Que cega e conduz às mais variadas dores.
*
Levei um “murro no estômago”
De qualquer maneira não posso culpar a Esperança
Porque depende da ocasião
Independentemente de nos alimentar a confiança.
*
Levantar-me-ei mais uma vez
Pelo rude golpe que levei
Mas continuarei a ter esperança
Como das outras vezes que me levantei.
*
Será ela boa ou má conselheira?
Traz felicidade ou apenas lamento?
Penso ser uma inconsciente necessidade
De levar ao extremo “o sentimento”.
*
Para evitar aquela sufocante sensação
Não me refugiarei no meu quarto
Sairei de casa e andarei a vaguear sem destino
Ao som de música agressiva, até ficar farto.
*
Irei assimilar o sentimento
Digerir o momento
Libertar-me do sufoco
Embora que seja muito, e o conforto seja pouco.
*
Mais uma vez baixei a guarda
Mais uma vez fui esmagado
Lá ando eu de pá e vassoura
A apanhar pedaço a pedaço, bocado a bocado
7.Fev.98
Márcio Costa
Levianamente sentado sobre a minha indiferença,
observo a passagem da Realidade.
À espera que algo aconteça.
Na esperança de ser levado desta esterilidade
*.
Na fantasia tento-me refugiar.
Mas a mente está tão bloqueada,
que nada posso fazer para a contrariar.
*
Perdido no meu olhar,
Vou-me materializando.
(A Realidade está a chegar)
Ao meu corpo vou voltando.
*
Retrocedo na minha mente, e encontro harmonia.
Porque tal singular momento que mais ninguém sente,
é-me particular e divino, onde toco, ninguém poderia.
*
Na Ilusão eu vivo.
No sonho eu me concretizo.
Preso na Realidade estou.
Agarrado ao Desejo eu vou.
16.Abr.97